C. BrachyurusManed wolf
Ocorre em savanas e áreas abertas no centro do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, sendo um animal típico do Cerrado. Foi extinto em parte de sua ocorrência ao sul, mas ainda deve ocorrer no Uruguai. No dia 29 de julho de 2020 o lobo-guará foi escolhido para simbolizar a cédula de duzentos reais.
É o maior canídeo da América do Sul, podendo atingir entre 20 e 30 quilos de peso e até 90 centímetros na altura da cernelha. Suas pernas longas e finas e a densa pelagem avermelhada lhe conferem uma aparência inconfundível. O lobo-guará é adaptado aos ambientes abertos das savanas sul-americanas, sendo um animal crepuscular e onívoro, com importante papel na dispersão de sementes de frutos do cerrado, principalmente a lobeira (Solanum lycocarpum). Solitário, os territórios são divididos entre um casal, que se encontra no período do estro da fêmea. Esses territórios são bastante amplos, podendo ter uma área de até 123 km². A comunicação se dá principalmente através de marcação de cheiro, mas também ocorrem vocalizações semelhantes a latidos. A gestação dura até 65 dias, com os recém-nascidos de cor preta pesando entre 340 e 430 gramas.
Apesar de não ser considerado em perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), todos os países em que ele ocorre o classificam em algum grau de ameaça, apesar de não se saber a real situação das populações. Estima-se que existam cerca de 23 mil animais na natureza, sendo um animal popular em todos os zoológicos. Está ameaçado principalmente por causa da destruição do cerrado para ampliação da agricultura, atropelamentos, caça e doenças advindas dos cães domésticos. No entanto, é adaptável e tolerante às alterações provocadas pelo ser humano. O lobo-guará ocorre atualmente em áreas de Mata Atlântica já desmatadas, onde não ocorria originalmente.
Algumas comunidades carregam superstições sobre o lobo-guará e podem até nutrir certa aversão ao animal. Mas em geral o lobo-guará provoca simpatia em humanos e por isso é usado como espécie bandeira na conservação do Cerrado.
Alimentação:
Muitos dos estudos sobre a dieta do lobo-guará foram conduzidos em cativeiro e poucos pesquisaram os animais na natureza. Esses estudos foram feitos principalmente em áreas de cerrado do sudeste e centro do Brasil e em algumas localidades da Argentina e Bolívia. Sendo um animal onívoro e generalista, o lobo-guará se alimenta de praticamente qualquer item que seja capaz de engolir, de origem animal ou vegetal, consumindo uma ampla variedade de frutos e pequenos vertebrados. Foram registrados até 301 itens alimentares ingeridos pelo lobo-guará, sendo 116 plantas e 178 espécies de animais. Eventualmente pode se alimentar de animais de maior porte como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), o caititu (Pecari tajacu) e o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus). Mas alguns autores consideram que esses animais não são ativamente caçados pelo lobo-guará e que foram ingeridos por já estarem mortos, porque o principal método de estudo da dieta desse animal é feito analisando as fezes.Alguns autores registraram perseguições ativas ao veado-campeiro. Aves foram os principais animais consumidos pelo lobo-guará, e tatus (dásipos) e roedores também são importantes na composição da dieta. Um detalhe interessante é que os alimentos de origem animal são mais consumidos na estação seca.
O lobo-guará caça perseguindo a presa e cavando buracos, realizando saltos para pegar aves em voo. Cerca de 21% das caçadas têm sucesso. Lobos-guará predaram até ratões-do-banhado (Myocastor coypus) que estavam presos em armadilhas.Também foram observados se alimentando de carcaças de animais atropelados.
Muitos estudos mostraram que uma parcela significativa da dieta do lobo-guará é composta por frutos da lobeira (Solanum lycocarpum) e que estes frutos são o principal alimento desse canídeo. Com algumas exceções, esses frutos compõem entre 40 e 90% da dieta do lobo-guará.Somente em alguns estudos no Parque Nacional da Serra da Canastra foi observado uma ingestão reduzida desse fruto. A lobeira é ativamente procurada pelo lobo-guará e onde ela é consumida com abundância não parece ocorrer sazonalidade, sendo consumida durante o ano todo, ao contrário de outros frutos que podem ser consumidos somente na estação chuvosa. Ele pode consumir vários frutos de uma vez e eliminar as sementes intactas nas fezes, o que o torna um excelente dispersor dessa planta.Outros itens vegetais são consumidos, incluindo folhas de gramíneas e frutos do jerivá (Syagrus romanzoffiana) e do marmeleiro (Alibertia edulis). Muitos estudos mostram que itens vegetais podem ser a base da dieta do lobo-guará.
Distribuição Geográfica: